‘Setúbal, Cidade Vermelha’: os dias da Revolução na cidade do Sado – IPS – Instituto Politécnico de Setubal
Back

‘Setúbal, Cidade Vermelha’: os dias da Revolução na cidade do Sado

##1##  À beira da Revolução dos Cravos, Setúbal está
efervescente e completamente preparada para a mudança, à boleia de um operariado
jovem, escolarizado e profundamente politizado. Seguem-se, até 25 de novembro de 1975,
19 meses de intensa atividade revolucionária que puseram a cidade na dianteira da
construção de um “poder popular”, esse que aos poucos ia acordando em todo o país,
depois do longo sono da ditadura de Salazar/Caetano. Entre o “fascínio” e o “perigo”, o
historiador e docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de
Setúbal
(ESE/IPS), Albérico Afonso Costa, revisitou o
Processo Revolucionário em Curso (PREC) setubalense. E o resultado está aí, em forma de
livro. “Setúbal, Cidade Vermelha (1974-1975)”, editado com o apoio do
município local e do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), tem
lançamento agendado para o próximo dia 8 de setembro, pelas 22 horas, na Casa
da Cultura
. A sessão, inscrita no ciclo de encontros com autores “Muito cá de
casa”, tem apresentação a cargo do historiador Fernando Rosas.

 

Ao recuar na história recente de Setúbal, que cidade foi encontrar no período
da Revolução e do pós-25 de Abril. Como a descreveria, política, social e economicamente? 

Setúbal, na década de 60, vai conhecer um crescimento económico ininterrupto. A
partir de 1969 o crescimento acelera. A metalomecânica instala-se. Setúbal irá tornar-se
um centro de investimento para os grandes grupos monopolistas. É esta cidade, que a fúria
industrializante transformava num enorme estaleiro, que o 25 de Abril vai encontrar.
Do ponto de vista social, nas vésperas de Abril, estamos perante uma cidade com uma
das maiores densidades proletárias do País, onde um jovem operariado com uma cultura de
resistência e reivindicação ascende à condição de vanguarda, liderando lutas com um
elevado grau de radicalização.
Trata-se de um proletariado escolarizado cuja
frequência das escolas técnicas concedia um grau de formação bem diferente daquele que
as gerações anteriores haviam conhecido. As escolas técnicas reformadas tinham colocado
no mundo do trabalho uma mão-de-obra preparada que vai saber ler a realidade de forma
diversa. Trabalha na metalomecânica, na construção naval, no projeto de Sines, é gente
nova de idade e de cabeça, que aufere melhores salários, tem consciência da sua força e a
quem o 25 de Abril vai encontrar completamente disposta para a mudança.
Do ponto
de vista político, este jovem operariado vai ser profundamente influenciado pelos partidos
de esquerda e de extrema-esquerda.

 ##2##

Ao longo destes dois anos de investigação, quais foram as suas fontes, a que
documentos e a que testemunhos recorreu?

Recorri a múltiplas fontes, como é habitual num trabalho com estas características.
Destaco a consulta de documentos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo – Arquivo da
PIDE/DGS, no Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Setúbal, no Arquivo Distrital de
Setúbal e na Hemeroteca da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal. Recorri ainda a uma
multiplicidade de documentos detidos por particulares.
As entrevistas a alguns dos
protagonistas da época foram também fundamentais nesta investigação.

 

Que episódios, que movimentos, que figuras se destacam neste período de 19
meses – 25 de abril de 1974 a 25 de novembro de 1975 – em que se debruça neste livro?

É difícil fazer uma síntese de um período tão rico em acontecimentos políticos, sociais e
culturais. Ao longo das mais de 300 págin

Visão Geral da Privacidade

Este site utiliza cookies para oferecer a melhor experiência possível. As informações dos cookies são armazenadas no navegador e permitem funcionalidades como reconhecer cada visitante quando regressa ao nosso site e ajudar a nossa equipa a perceber quais as secções que considera mais interessantes e úteis.

Cookies Estritamente Necessários

Os cookies estritamente necessários devem estar sempre ativados para que possamos guardar as preferências de configuração de cookies.

Cookies de Terceiros

Este site utiliza o Google Analytics para recolher informação anónima, como o número de visitantes do site e as páginas mais populares. Manter este cookie ativado ajuda-nos a melhorar o nosso website.