Claustros do IPS recebem exposição de pintura – IPS – Instituto Politécnico de Setubal
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Claustros do IPS recebem exposição de pintura

Até 29 de Novembro estará patente na galeria de exposições dos Claustros do Instituto Politécnico de Setúbal uma exposição de pintura de Eduardo Neves e Fátima Cruz Neves intitulada “A Pintura Enquanto Representação”. A exposição é comissariada pela Câmara Municipal de Setúbal e poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 14h00 às 18h00.

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Fora dos meios de comunicação dirigidos para as artes mas também neles, as notícias que surgem centram-se nos valores alcançados pelas obras de arte nos leilões especializados e nas fasquias monetárias ultrapassados. Para essa mentalidade livro de recordes guiness, exceptuando o registo do titulo e do autor nada mais interessa. A obra de arte não existe, a assinatura é o contraste que garante o toque. É essa a imagem que se transmite para a sociedade. A imagem que se sobrepõe a qualquer outra, a que conta. No fim as obras de arte diluem-se nas malhas do mercado. Uma das mais célebres feiras de arte, a Arco em Madrid, impulsiona a aquisição de obras de jovens artistas pelo valor que poderão ter amanhã. O valor evidentemente não é o valor artístico, mas o valor monetário. O piscar de olho é para a mais-valia que podia ser realizada com o investimento. Uma lógica de bolsa que adicionada à mundanidade das vernissages, ao marketing que se respira nas entrelinhas de muita “crítica de arte”, às escolhas nada inocentes nem desinteressadas dos comissários, é a sopa de pedra para o surgimento de aberrantes obras de arte (?) como as dos Damien’s Hirst, sem que ninguém, quase ninguém, expresse a sua abominação. Joga-se com o momento, com o negócio que se faz no imediato sabendo que o julgamento da história é longínquo e com a crença que o mercado das artes está ao abrigo de tempestades como as que eclodiram no mercado financeiro.

Hoje as artes ocupam lugar cimeiro no mercado dos objectos de luxo. São a louça sanitária de ouro vendida em embrulhos de verborreias metafísicas, argumentários com rigor comparável às das sofisticadas análises financeiras, cujo resultado se vê à vista mais desarmada. Neste estado, as artes perderam qualquer relação com a sociedade. Alienaram-se. São uma cotação na bolsa de valores flutuando ao sabor da brisa dos ditames das modas.

Contra isto há quem resista. Há quem pinte com sentido, com objectivos bem definidos, independentemente das opções formais. Sobretudo libertos de vassalagens que avalizam uma carreira. Maldição pós-moderna de fazer isto hoje e ir fazer aquilo amanhã, em sintonia com os sinais dos “gurus” na procura desesperada de sucesso. É no quadro dessa resistência, não organizada e ancorada em convicções pessoais, que esta exposição existe recuperando a ideia nuclear e antiga que é impossível conceber uma sociedade sem arte ou arte sem significação social.

Em todas estes quadros percebe-se, sente-se, lê-se a unidade entre o pensar e o fazer. Em cada um destes quadros é visível a resposta que os artistas encontraram para as questões que os perseguiam e que são a razão de os terem pintado. Respostas que não se resolvem nem antes de acabar cada uma das obras, o que as tornaria desnecessárias, nem depois de a obra estar dada por acabada, o que esgotaria o sopro vital da linguagem artística.

Poderia esta exposição ter um título: Em Defesa da Arte. Muitas exposições de muitos artistas em todo o mundo poderiam e poderão ter esse mesmo título. São dos que lutam contra a morte da arte, produzindo objectos que acrescentam ao mundo material não-humano algo que o torna mais humano.

Manuel Augusto Araújo

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