
Semana da Igualdade de Género abre com reflexão sobre sexualidade e estereótipos de género
- Categorias Estudantes, Eventos, Inclusão e Diversidade, Parcerias
- Data 12/11/2025
Sexóloga Tânia Graça respondeu a questões da comunidade estudantil, numa reflexão animada sobre vários temas na ordem do dia
O modelo de educação vigente condiciona rapazes e raparigas de forma diferente para a vivência da sua dimensão sexual, defendeu ontem, no Politécnico de Setúbal (IPS), a psicóloga clínica e sexóloga Tânia Graça, no âmbito de uma sessão com estudantes, que esgotou o auditório nobre da instituição.
Segundo a ativista, com grande projeção nas redes sociais e, como se constatou, com um número considerável de seguidores entre a comunidade académica do IPS, expressões normalizadas de incentivo como “Vai-te a ela”, ou de contenção como “faz-te de difícil”, acabam por resultar em “rapazes hipersexualizados” e “raparigas reprimidas”, sendo que “toda a gente, homens e mulheres, sai prejudicada na vida adulta”.
A iniciativa, sob o mote “Educação Sexual: Caminhos para uma Sociedade Mais Justa”, decorreu no âmbito da Semana da Igualdade de Género, dando aos presentes a oportunidade de colocar perguntas anonimamente, via QR Code, numa reflexão animada sobre várias questões na ordem do dia.
“O que significa realmente consentimento?”, “Porque parece que os rapazes andam zangados?”, “Porque há desigualdade no trabalho?” foram algumas das inquietações partilhadas com o auditório, que suscitaram orientações preciosas para navegar o muitas vezes ambíguo terreno dos afetos e da sexualidade.
“Ceder não é consentir. Se um sim é condicionado, resultando de muita insistência, não é realmente um sim. Um verdadeiro sim é voluntário e entusiasta e o consentimento pode também ser retirado a qualquer momento”, esclareceu a psicóloga, fazendo também referência ao movimento dos “gurus da masculinidade”, que cresce no mundo digital “tirando partido das inseguranças de muitos rapazes”, e que vê na emancipação das mulheres uma ameaça e “uma perda de poder que há que recuperar”.
No seu dia de abertura, o programa da Semana da Igualdade de Género do IPS contou igualmente com a participação de Catarina Marcelino, ex-secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, numa sessão onde abordou o tema “Violência no Namoro no Ensino Superior”, lembrando que, também aqui, os estereótipos de género são determinantes. Tal como referiu, baseando-se em estudos recentes, “quem pratica ou praticou violência no namoro tende a ter crenças mais conservadoras sobre as questões de género, ou seja, sobre aquilo que são os papéis das mulheres e dos homens na sociedade”.
A Semana da Igualdade de Género, uma iniciativa da Comissão de Igualdade de Género do IPS, em parceria com a associação juvenil Omnis Factum, do Montijo, no âmbito do projeto multinacional EID – Empowering Inclusive Democracy, prossegue até quinta-feira, dia 13, com as sessões “Liderança no Feminino” e “Arte na Luta pela Diversidade”.
Para o debate foram convidadas as diretoras de Recursos Humanos Patrícia Chambel, da DHL, Sofia Nunes, do Sheraton Cascais Resort e Hyatt Regency Lisboa, e Rute Santos, CEO da IT People Innovation, bem como os atores Ren-d-Marcus e Patrícia Paixão, do Teatro Estúdio Fontenova, de Setúbal.
