Ainda no rescaldo do 50.º aniversário do 25 de Abril, o Politécnico de Setúbal (IPS) recebe, na próxima terça-feira, dia 18, a peça “Projeto Aurora”, um espetáculo teatral de homenagem a todos/as os/as presos/as políticos/as, na pessoa de Aurora Rodrigues, a mulher que mais tempo sofreu às mãos da PIDE, sobrevivendo a mais de 380 horas de tortura do sono.

A produção, do RAIAR – Laboratório Criativo, sobe ao palco da Sala de Drama da Escola Superior de Educação (ESE/IPS), pelas 14h30, integrando o programa comemorativo concelhio do Dia Mundial do Teatro, do qual o IPS é parceiro e que se prolonga até ao final do mês.

Especificamente concebido para o público estudantil, mas aberto a toda a comunidade envolvente, o espetáculo apresenta-se em duas partes, um monólogo interpretado pela atriz Inês Melo, seguido de um espaço de discussão e reflexão com os estudantes.

“Durante 70 minutos vamos relembrar – na pele – o que acontecia dentro das prisões políticas e abrir o debate para repensarmos sobre os nossos direitos e liberdades. Hoje, mais de 50 anos depois, será que sabemos o valor da Liberdade?”, propõe o grupo nesta produção financiada pela Direção Geral das Artes e Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, ao abrigo do Programa Arte pela Democracia.

Hoje magistrada jubilada, Aurora Rodrigues era uma estudante de Direito de 21 anos quando foi detida e levada para Caxias pela polícia política do regime de Salazar e Caetano. Ao longo de três meses, foi ostensivamente humilhada, agredida, espancada, torturada e massacrada por lutar contra a ditadura vigente e defender o fim da Guerra Colonial.

A sua inabalável convicção e capacidade de resistência e sacrifício em nome da liberdade e da democracia são o grande mote deste espetáculo que confronta todos/as os/as que beneficiam do privilégio de terem nascido em democracia.